Relato de parto da Juliana

Relato de parto da Juliana

Parto humanizado / VBAC

“Este relato não é apenas um relato de parto. É um relato de gestação também. Creio que o empoderamento materno não se dá apenas durante o trabalho de parto em si. Ele começa muito antes,com informação com busca,com conhecimento. No meu caso, esse relato vem completar o nascimento da Júlia, vem trazer um desfecho a história dela, que se voce nao conhece voce pode ler no site maesaudavel.com.br da minha amiga Juliana Coutinho que gentilmente publicou a minha historia e a da Júlia. Eu fui para Maringá em setembro de 2013, fiz uma consulta de rotina com meu GO Dr Edson Rudey, e disse pra ele da minha vontade de engravidar novamente. Julia estava com um ano e meio, e após o Dr me atender mais como um psicólogo, ouvindo todos os meus anseios, dificuldades e motivos para ter outro bebê, ele então disse que meus exames estavam normais e se eu parasse com minha medicação ja poderia engravidar. Desde o nascimento da Júlia eu entreguei meu próximo parto nas mãos de Deus. O que algumas religiões consideram uma espécie de “mantra”, pra mim era uma oração diária “Senhor, entrego a ti esta gestação, este parto e a maternagem deste proximo filho. Faça como lhe apraz.” Parei minha medicação então no mês outubro, para poder programar minha gestação para o ano de 2014. Como demorei quase um ano a engravidar da Júlia pensei que seria da mesma forma com o segundo bebê, mas para minha surpresa em novembro eu já estaria grávida. Sim, foi um susto, um choque. Era para 2014 e não 2013. Imediatamente me lembrei das orações, eu entreguei tudo nas mãos de Deus mas agora ja questionava Deus por não fazer do meu jeito! A gestação começou bem difícil e bem conturbada, eu tive enjôos muito piores que na gestação da Júlia e minha pressão baixa causava tonturas, as vezes pensava que eu ia desmaiar, tive algumas vezes que parar o carro na rua, para tomar fôlego e voltar a dirigir. Em fevereiro, com 3 meses de gestação fomos para Maringá e fiz minha primeira consulta com o Dr Edson, mas já tinha trazido todos os exames feitos no MT. No ultrassom o palpite do médico foi de uma menina, e eu fiquei extremamente feliz apesar da incerteza, pois pra mim teríamos a Bianca, a irmãzinha que tanto sonhei para Julia. Expressei para o Dr Edson novamente o desejo de um parto normal humanizado, ainda que o nascimento da Julia tivesse acabado em uma cesárea intraparto, eu pretendia voltar a Maringá ter a Bianca, e então o Dr me aconselhou a ter um médico no MT pra me acompanhar durante a gestação, pois eu so voltaria a Maringá pra ter o bebê em julho, faltavam ainda 6 meses para isso acontecer. Fiz como recomendado e chegando ao MT fui para Cuiabá em consulta com o DR Vitor Rodrigues, um médico excelente, humanizado, maringaense para minha alegria! Ja acompanhou inumeros partos, VBACs(que era o meu caso, um possível parto vaginal após uma cesárea), partos pélvicos, parto normal de uma gestante deficiente física com as pernas amputadas,enfim, tinha um vasto currículo. Acabei fazendo duas consultas com ele neste tempo entre o terceiro e o oitavo mes de gestação. Era dificil pra mim viajar 180km de ida mais 180km de volta para casa em cada consulta, muito cansativo perdiamos praticamente um dia entre ir consultar e voltar para casa. Mas me sentia segura com ele. Tinha um imenso desejo de ter a Bianca em Maringá, mas numa situação de emeregência sabia que podia contar com o Dr Vitor. Quando fui fazer o ultrassom morfologico,com aproximadamente 6 meses de gestação, o ecografista me dá mais um susto: agora ele tinha certeza do sexo e poderia colocar no laudo do exame. Era um menino. Estava grávida de um menino. Como assim? Eu jamais saberia cuidar de um menino, queria ser mãe da Bianca (e da Beatriz caso tivesse gêmeas!) Meu mundo caiu assim como a chuva que caía naquele dia após o ultra som. Eu estava sozinha, meu marido não pode ir naquele dia pois foi um encaixe do exame. Eu entrei no carro e chorei, chorei muito, não haveria mais um quarto rosa, eu nao teria mais duas amigas, apenas a Julia. Enquanto chorava conversava com a minha barriga: “filho, entenda que este problema é da mamãe e não seu. Mamãe ama você e você sempre será uma benção nas nossas vidas e na nossa família, mas a mamãe precisa resolver alguns conflitos internos, que nada tem haver com você”, e neste momento lembrei novamente da minha oração: mais uma vez eu questionava Deus por não fazer as coisas do MEU jeito. Os dias foram passando e eu fui me adaptando a vida de mãe de menino, já imaginava as coisas azuis, um casalsinho de filhos, tudo foi melhorando, inclusive os enjôos, a minha pressão. Mas algo sempre esteve presente desde antes de eu engravidar: a cesárea da Júlia, o meu não-parto, ou o meu quase-parto… eu precisava digerir tudo isto para passar novamente por uma experiencia de parto. E foi nesse meio tempo que conheci a Milena, minha doula. Quando comecei a conversar virtualmente com a Milena, ela estava apenas começando a atuar como doula. Compartilhei minha historia com ela e fui recebendo ajuda dela a cada diálogo que tínhamos. As experiências que ela me passava, o apoio, o carinho, a forma como ela largava tudo para conversar comigo virtualmente, ainda que nós nunca havíamos nos visto, foi um bálsamo na minha vida. Eu também lembrava da oração quando conversava com ela, ela foi um presente na minha vida, e com a ajuda dela fui reconstruindo a experiência do nascimento da Júlia, tudo que sofri, tudo o que enfrentei para esperar a hora dela nascer, fugindo de médico de família, de palpites alheios, parecia que eu conhecia a Milena há anos e anos, e nunca havíamos nos visto pessoalmente! Essa ajuda dela foi me dando forças pra lutar pelo meu parto. O tempo passou, eu fui lendo, fui conversando com outras mães, trocando experiências, fui me informando, e no final da gestação decidi com meu marido que iriamos ter o bebê em Maringá mesmo, não em Cuiabá. O nome decidido então foi Rafael, que no latim significa “o remédio de Deus”, “curado por Deus” ou “Deus cura”. Acreditava firmemente que esta era a missão do Rafael: trazer cura para nossas vidas, trazer cura para minhas feridas, desconstruir e reconstruir, ressignificar a historia que ficou lá atrás. Fui com minha mãe e a Júllia para Maringá com 37 semanas de gestação. Com 38 semanas fiz a consulta com o Dr Edson e naquele dia conheci a Milena. Combinei com ela de nos vermos na consulta, e antes de entrarmos a Milena se apresentou, e me disse algo que também mudaria o destino desta história a partir daquele momento: ela me disse que muitos dos partos que ela estava acompanhando com o Dr Edson tinham a presença da Regina, e que ela achava muito bom acompanhar gestantes junto com a Regina. A Regina é a EO(enfermeira obstétrica) que conversou comigo e que eu cito no relato da Júlia. Eu já conhecia a Regina, sabia do trabalho sério dela e resolvi pedir para o Dr Edson durante a consulta se podia ter a Regina durante meu trabalho de parto além da Milena, a doula. O doutor então concordou. Disse que sim, que a Regina estava acompanhando ele em vários partos, todos bem sucedidos. Eu fiquei muito feliz, saí da consulta e imediatamente comuniquei a Regina pelo facebook, que precisavamos conversar, pra ver se ela me aceitava como paciente dela! Ter a Regina durnte o trabalho de parto era a tranquilidade e a segurança de ser monitorada em casa, e ser transferida para o hospital somente na hora certa, a hora do Rafael nascer. Depois da consulta então eu saí com a Milena, ela conversou muito comigo me falou de forma simples e prática o que eu deveria fazer por aquelas semanas que antecediam meu parto. Com 38 semanas de gestação minha mãe voltou para o MT e finalmente meu marido chegou. Fizemos uma consulta naquela semana,com a Regina, na famosa livraria do shopping, e logo após com o Dr Edson, desta vez eu ja estava acompanhada do Alessandro meu marido, estava tomada por um segurança que niguém tirava de mim. No sábado, dia primeiro de agosto,eu já estava com 39 semanas de gestação e 20 kilos a mais, pesada mas com exames excelentes, pressão baixa,tudo dentro da normalidade. Naquele sábado tivemos “ A hora do mamaço”, um evento que acontece no Brasil todo e em Maringá reuniu muitas mães pró amamentação. Eu fui a convite da Milena na praça da Catedral, fui junto com minha amiga Amanda Trabuco, que também estava grávida da Helena, reencontrei várias amigas, encontrei a Regina, conheci muitas gestantes que a Milena acompanhou, enfim, foi um dia leve. No domingo sái almoçar com a família e senti algumas fisgadas nas costas do tipo choques. Relatei a noite para a Milena mas ela disse que poderia ser decorrente do peso do corpo e do calor. Eu concordava com ela, mas pra mim aquelas 3 fisgadas durante o dia indicavam algo já. Segunda feira foi um dia tranquilo. Deitei pra dormir com a Julia e acordei a noite para ir ao banheiro. Sempre uso banheiro a noite com a luz apagada, mas naquela hora tive o ímpeto de acender a luz, eram 4 da manha. Olhei para o vaso e tive apenas uma certeza: eu estava perdendo o tampão mucoso. Fiquei feliz, ansiosa, sabia que aquilo era apenas um sinal de que tudo estava indo bem. Avisei a Regina e a Milena pelo aplicativo de celular whatsap e pedi que elas informassem o Dr Edson. Na terça feira acordei e comecei a ter os chamados pródromos, a contrações de preparo,fora de ritmo,sem hora pra acontecer, mas que doiam bastante. Fui na casa da Regina antes do almoço. Ela monitorou e viu que o Rafa não estava encaixado, e eu perdia tampão de forma lenta durante todo aquele dia, o Rafa estava bem, e as contrações enrijeciam bem a barriga,e duravam uma média de 50 segundos, mas elas vinha a cada uma, duas, até três horas. A Regina então me disse que avisaria o Dr Edson, pediu para eu ter vida normal naquele dia, sem me preocupar, e de noite voltar na casa dela se tudo continuasse daquele jeito. Fiz como ela me pediu: fui na drenagem, deixei os cabelos bem lindos e escovados em casa,fiz as unhas, passei na casa dos meus primos comer cural, o cural da minha tia que há tempos eu esperava para comer! Avisei pra ela, a minha tia, que ja estava perdendo tampão e tendo contrções e pedi segredo pra ela, que assim como ela, eu iria parir! Fomos novamente a casa da Regina no fim do dia. A situação era a mesma: a cabeça do Rafa parecia estar na lateral,quase na direção do meu cotovelo esquerdo, batimentos normais tampão liberado aos pouquinhos e dores intensas nas contraçoes que demoravam para vir. A Regina então pediu pra relaxar e ir para casa, que se algo acontecesse ela e a Milena estariam de plntão pelo celular. Assim eu fiz, fui pra casa, deitei com a Julia e avisei ela que logo logo o Rafa estaria conosco. Ela dormiu, eu apenas relaxei. Relaxei pois comecei a sentir dor. Muita dor. Eram as contrações. Era madrugada de quarta feira, dia 5 de agosto de 2015. 39 semanas e 4 dias de gestação. Então comecei a monitorar a dor quietinha no quarto, ouvindo “Awake and alive” da banda “Skillet” uma música tão intensa quanto aquelas contrações. A Regina me deu o sonar para levar pra casa. Os BCFs(batimentos cardiacos fetais) estavam normais, mas eu gemia já com as dores. Mandei pra elas pelo watsapp a duração das contrções, e aMilena, que não conseguia dormir naquela noite, foi junto com a Regina na casa onde eu estava hospedada para começar utilizar métodos de alívio para minha dor. Até que elas chegaram, minha dor era inebriante, EXATAMENTE como no TP(trabalho de parto) da Júlia. Eu ja tinha vontade de fazer força, e então fui ao banheiro, fiz cocô! Mas a dor não passava, e então as duas chegaram. Isso era perto das 4 da manhã. Elas me colocaram na bola depois de uma santa ducha de agua quente nas costas. Enquanto eu rebolava na bola, eu tentava contar pra Regina um relato de parto do Dr RicardoJones, de um bebê que nasceu com mais de 5kgs e a mãe teve períneo íntegro após a passagem do bebê. A Amanda minha amiga me mandou esse relato, mas as dores eram tantas que eu ja não conseguia falar. Pensei comigo que com certeza eu iria para a cesárea novamente. Então resolvi ouvir o meu corpo, e implorei pra Regina e pra Milena se teria como eu dormir um pouco e descansar. Elas prontamente me atenderam. Me colocaram deitada no sofá, a Milena segurava uma bolsa quente na minhas costas e a Regina outra na barriga, e o meu marido acordado já desde as primeiras contrações, revezava entre esquentar uma bolsa e outra no microondas.Eu dormi das 5 as 7 da manhã, me sentia uma rainha, sob os cuidados dos 3. A dor realmente diminuiu e as contrações espaçaram mais entre uma e outra. Então pedi pra Regina fazer um exame de toque. Eu precisava saber como eu estava. Meu corpo pedia isso. A Regina então disse que eu tinha quase 2 cm de dilatação. O colo estava grosso, sendo trabalhado de dentro pra fora. Eu quis desabar. Não era possível que com tanta dor só haviam 2 cm. Como na Júlia. Então implorei novamente se elas me deixavam dormir…era o que meu corpo queria naquele momento. Eu precisava de descanso. A Regina foi clara: logico que pode, agora nessa fase latente do seu TP voce precisa descansar para ter forças depois. Então eu tive a certeza de ter a equipe certa comigo, elas me transmitiam segurança. Eu me deitei na cama e liguei o som. Meu pen drive tocava entre outras músicas uma que dizia “é meu, somente meu, todo trabalho. E o teu trabalho é descansar em mim”. Então eu ouvia e chorava, chorava de agonia, de desespero, de medo, lembrava da oração, e naquele momento eu entreguei tudo de novo a Deus, as minhas forças meus ideais, tudo. Era tudo de Deus nada meu. E dormi chorando. Dormi das 9 ate umas 11 da manhã praticamente. Acordei e pedi novamente pra Regina por um exame de toque. A dor diminuiu novamente com o sono. E pra minha surpresa a Regina disse que eu estava com 4 para 5 cm de dilatação. Ela então pegou na minha mão, olhou bem nos meus olhos e disse: “Pronto! A história da Júlia termina aqui”. Talvez esse momento seja um marco no meu TP. Nunca me esquecerei daquela cena. Depois disso meu marido entrou no quarto e começou a brincar na bola. Eu disse pra ele: “voce ouviu o que a Regina acabou de dizer? Estou com 5 cm de dilatação.” Ele então abriu um sorriso, seus olhos verdes brilharam como a luz do sol, e ele disse “Serio?”.Naquele momento tive a plena convicção de que meu marido estava passando aquele trabalho de parto junto comigo. O marido que não se informou na primeira gestação, que torcia pra eu cair numa cesárea, que não me apoiava em absolutamente nada, agora era mais que um marido: era um amigo, um suporte, um braço direito, um “doulo”. Então me levantei me arrumei pois ainda estava de camisola e a Milena brincava pra eu me trocar e comer pois ela nunca viu uma gestante dormir tanto! Eu almocei pouco, tinha vontade de vomitar, e a tarde nós decidimos ir para casa da Amanda Trabuco, a convite dela mesma. Foi uma tarde maravilhosa. A Amanda picou frutas pra gente, me cedeu o chuveiro quente dela, a cama para relaxar, e os seus dois cachorros que me encantaram com tanta ternura e tanta bagunça! A Regina sempre avisava o Dr Edson de como estavam as contrações, e então pedi pra ela me avaliar novamente perto das 5 da tarde e eu estava com quase 7cm de dilatação. Então decidimos ir para o hospital pois a casa da Amanda estava um pouco distante, logo seria a hora do pico das 18 horas onde todos sairiam do trabalho e eu talvez nao aguentasse contraçoes dentro de um carro com transito engarrafado. Fomos para o hospital no carro com a Regina me massageando a cada contração e a Milena no carro dela. Pude entao contemplar a beleza da cidade, as ruas, os predios, como eu estava feliz por todo aquele momento. Chegando no hospital logo o Dr Edson chegou, e pela primeira vez nao recebi ele com um largo sorriso no rosto, a dor começava a tomar conta de mim. Entrei no quarto e imediatamente fui para agua quente do chuveiro, em cima da bola. Ali já não havia mais cabelos escovados, maquiagem perfeita, não havia pudor, apenas uma mulher despida de todas as suas certezas e concetrada em um so momento: o nascimento do seu filho. Pedi então pra chamarem o Dr Edson perto talvez das 8 ou 9 da noite, para me fazer um exame de toque. Ele então disse que o colo do meu útero estava “segurando a cabeça” do Rafa, impedindo ele de descer, então o dr fez uma manobra que afastou o colo do utero da cabeça dele e eu ja estava com 9cm de dilatação. Antes dessa manobra, decidimos em conjunto estourar a bolsa para agilizar o TP, que estava muito doloroso e com um grande bolsão de agua impedindo a descida do Rafa. Após essa manobra o dr saiu para se arrumar e eu fui ao banheiro. Sentia a mesma vontade de fazer força que eu sentia a noite pela madrugada, igual no TP da Júlia. Pedi que todos me deixassem a sós no banheiro. Me sentei no vaso e fiz força e fiz cocô novamente. Depois que voltei ao chuveiro para me lavar, eu olhei para janela do banheiro, ouvi os carros la fora, lembrei da cidade, das paisagens dos predios e abri um lindo sorriso e pensei: “estou em Maringá, amo este lugar, e eu vou parir!” Naquele momento a ondas de dor cessaram. Agora começava a terceira fase do meu TP, a fase do expulsivo. Agora nao sentia mais dor, sentia apenas vontade de fazer força, muita força. Passei algum tempo sentada na banqueta de parto embaixo do chuveiro respondendo aquelas ondas de força. O Alessandro entrou no banheiro comigo, tivemos um momento só nosso, de entrega, de oração, muito profundo. Entao o dr Edson entrou e me pediu gentilmente se eu poderia ficar fora do banheiro, pois caso eu precisasse de alguma manobra, ali embaixo do chuveiro seria dificil realizar, sem espaço e com tanta gente em volta. Eu então concordei com ele e fui para a banqueta de parto no canto do quarto proximo a porta. Alessandro então estava atrás de mim segurando meus braços, enquanto eu fazia força. De repente o Dr Edson disse que estava nascendo, mas eu nao acreditei muito. Entao ele completou: e é bem cabeludo! Então a Regina me pediu pra colocar a mão e sentir a cabeça do Rafa saindo. Imediatamente Alex saiu de onde estava atrás de mim para ver o Rafa nascendo, e eu não acreditava na coragem dele! Depois que ele voltou a segurar minhas mãos eu comecei a controlar os puxos de força. Digo que esse momento do parto foi muito racional, eu estava concentrada e para que minha laceração nao fosse grande, eu sentia que se fizesse uma super força o Rafa nasceria de uma vez, mas eu fui me “segurando” e com muita calma Rafa foi saindo. Ele foi nascendo com a maozinha esquerda no rosto, e o Dr Edson foi gentilmente manobrando a maozinha dele para sair depois da cabecinha. Foi um trabalho muito equilibrado da parte dele da minha e de toda equipe, estávamos totalmente conectados. Então depois de muito controlar estas forças resolvi que era hora de dar tudo de mim. Quando resolvi fazer toda a força que me seria capaz, abri os olhos e pra minha surpresa o dr Edson ja estava comoRafa nas maos me entregando nos braços! Entre os puxos do banheiro e o Rafa nascer creio que duraram uns 30 minutos. Eu ainda esperei pra ver se nao viria outro puxo de força, mas eles acabaram instantaneamente. Então eu olhava para o Rafa, ele começou a chorar forte, e eu dizia para ele: Parabens filho nós conseguimos! Eu vibrava, mesmo cansada, eu sorria, eu lembro de ver a alegria do Dr Edson num sorriso sereno, enquanto eu continuava a falar para o Rafa parabens filho,parabens nós conseguimos!! O Alessandro não tinha reação, ele estava totalmente tomado por aquele momento. Minha placenta saiu quase que imediatamente após o Rafa nascer, então o cordão do Rafa foi cortado e fui para a cama! Nao acreditava que eu estava descansando, com meu filho nos braços, e que não tive aquela tal dor insuportavel que todos diziam passar no expulsivo. Então o Dr me examinou e disse que tive uma laceração leve, como se meu períneo estivesse “esfolado” internamente. Devo ter levado 2 ou 3 pontos, que em uns 3 dias sairam durante o banho, eles nao ardiam, nao coçavam, nao me incomodaram, eu tinha muito medo de uma sutura que me incomodasse e graças a Deus isso não aconteceu. Era uma espécie de sutura interna. Depois que toda a equipe foi embora descansar eu fui tomar banho. Passei um tempo precioso com meu marido e meu filho, e com saudades da Julia!Um momento a ser eternizado em nossas mentes, uma vitoria, uma missao cumprida!Enquanto eu tomava banho conversava com a senhora que limpava meu quarto, trocava roupa de cama, arrumava tudo, isso perto da meia noite, e eu ali, de portas abertas, feliz da vida, cansada, tomando banho sozinha, e conversando como se ela fosse minha melhor amiga! Rafa dormiu a noite toda sem mamar, de tão intenso que foi aquele nosso trabalho de parto e eu também dormi como ele! Descansamos, fomos felizes, somos felizes. E o parto do Rafa termina aqui, mas a corrente do bem jamais! Agradeço ao meu médico Dr Edson Rudey, que mesmo no nascimento da Júlia quando nem eu mesma acreditava mais em mim, ele ainda acreditou. Bebês sabem nascer, mulheres sabem parir! Basta confiar, e querer muito, muito mesmo, do fundo do coração, da alma e do espirito. Porque não é sobre dor, é sobre vida. Não é sobre sofrimento, é sobre superação! Sim, eu PARI, num lindo VBAC de um bebê com 53,5cm e 3835kg e perineo praticamente íntegro. Eu sou mamífera, eu sei parir! Rafael, do grego eL Rapha: a cura de Deus, ou, o remédio de Deus,ou ainda, Deus cura! Obrigada filho, pela cura das feridas. Obrigada Deus, obrigada equipe, obrigada vida! É sobre cura! É sobre vida!

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