Relato de parto normal humanizado

Relato de parto normal humanizado

Parto normal humanizado

Depois de tanto adiar resolvi escrever sobre como foi incrível trazer meu filho ao mundo.

Antes mesmo de engravidar sempre pensei em ter parto normal. Jamais cogitei escolher um dia e um horário e ir para o hospital fazer uma cirurgia para que ele nascesse. Queria que tudo ocorresse naturalmente. Tanto que quando casei troquei de ginecologista e busquei o Dr. Edson Luciano Rudey e desde a primeira consulta contei sobre meu desejo de parir. Quando engravidei comecei a buscar cada dia mais informações. Meu esposo Adaelson entrou nessa comigo, e juntos estudamos muito. Fizemos curso de gestante, lemos bastante, vários relatos de parto, assistimos vídeos. Também buscamos o Gesta Maringá por indicação do Dr. Edson. Por volta das 29 semanas de gestação eu já tinha uma equipe e um plano de parto e quase ninguém sabia pois o que eu mais ouvia era “você é louca”, “pra que passar dor em pleno 2017” blá blá blá de todo tipo de gente. No final eu já não aguentava mais ouvir e dizia que iria fazer cesárea só para não me questionarem ou me desencorajarem.

No domingo 25/06/2017, eu já estava com 39s e 4 dias de gravidez (a ansiedade já estava tomando conta) então resolvemos ir passear no Parque do Ingá, caminhamos quase duas horas, a ideia era se movimentar para que o trabalho de parto iniciasse… Eu estava tomando o famoso “Chá da Naoli” e comecei perder tampão. A verdade é que mesmo com tanta informação que nós tínhamos – poderia chegar até 42 semanas – mas existia medo de passar das 40 semanas…

Na segunda-feira 26/06 as 23:20h já deitada na cama senti algo estranho, era a primeira contração, coração disparou, avisei o Adaelson e ficamos felizes e assustados. Senti outra 23:40h e mais uma meia noite. Sugeri que tentássemos descansar pois poderia se estender e precisaríamos estar bem. Adaelson ficou super ansioso e quase não dormiu. Eu consegui dormir, não tinha dor, uma contração ou outra. Às 5 da manhã criei um grupo no WhatsApp e adicionei a Enfermeira Obstétrica Juliana Afonso e a Doula Milena Seko Brandão. Imaginei que elas estivessem dormindo e achei que não precisava ligar, estava tranquila. Resolvi levantar e ir pintar minhas unhas antes que a dor viesse realmente, afinal precisava estar bonita para receber meu filho.

Por volta das 8h comecei monitorar as contrações com um APP, eram muito irregulares e espaçadas. Conversei bastante com a equipe, mandei os prints das contrações, elas iriam vir em casa nos ver. Tomei um banho bem quentinho para relaxar.

Por volta das 10:30h a equipe chegou para me avaliar e saber se realmente estava em T.P., para nossa surpresa eu já estava com 4cm de dilatação e super tranquila. Eu quase não acreditei e as meninas também não, pois eu não estava com dor, somente uma pressão nas costas, cólicas e leve desconforto.

Milena perguntou se eu queria que ela ficasse conosco, mas eu disse que não precisava, naquele momento eu e Adaelson preferimos ficar a sós e nos conectar. Me deixaram uma bolsa térmica e meu esposo colocava em mim e me massageva. As meninas sugeriram que eu caminhasse para ajudar no T.P. e nós íamos passear com os cachorros após o almoço… Meu esposo preparou a comida, depois organizamos tudo aqui e Milena avisou que a Pamela (colega do Gesta – Parto domiciliar) estava em T.P., mas que lá já estava mais avançado e daria tempo de atender nós duas. Pediu também que eu adiantasse minha consulta com o Dr. Edson, no lugar da Pam as 15:30h e que já fosse pronta pois provavelmente já iria internar.

Decidimos não caminhar, pois poderia ajudar dilatar mais rápido e adiantar o T.P. Neste momento eu queria apenas que a Pam parisse e liberasse a Milena para mim rsrs.
Descansei e fui tomar um longo banho para me arrumar para a consulta. Sequei meu cabelo, me maquiei, conferi as malas, peguei a bola de pilates e fomos para o consultório. Dr. Edson fez o toque e eu já estava com 7cm dilatados – felicidade tomou conta 7 cm e pouca dor. Ele providenciou a internação, conversou com a Juliana por telefone e olhando para mim disse “realmente não parece que ela está em trabalho de parto”. Ele e a Juliana também escolheram a pediatra para recepcionar nosso bebê, Dra Vera Beltran.

Fomos para a Maternidade Santa Rita. Às 17h iniciamos o processo de internamento. Entrei andando, ótima. Eu mesma quem entreguei os documentos e assinei toda papelada.
Enquanto aguardava a liberação do apartamento falava com Milena por Whats, que me ofereceu uma doula backup pois talvez ela não chegasse a tempo. Eu e Adaelson concordamos pois em nossos planos teríamos a Milena conosco. Confesso que saber que não a teríamos nos deixou preocupados. Porém logo a doula Thaís Franco chegou e nos trouxe muita segurança. Pouco depois a Juliana também chegou.

Eu estava tranquila, consegui jantar um pouco… Ouvíamos a playlist com as músicas que eu havia escolhido para aquele momento, conversávamos, brincávamos.
Fiz muitos agachamentos e também exercícios na bola de pilates. Recebi massagens e muito carinho do meu esposo e das meninas.

Não avisamos ninguém da família ou amigos, esse era o nosso combinado e aquele momento era só nosso, de conexão para recebermos nosso filho.

Dr. Edson veio me ver, as contrações continuavam espaçadas e eu com pouca dor. Continuamos com exercícios… Dr. Edson voltou, fomos para o cardiotoco, quase nada de contração. Guilherme estava dormindo hehe.

Por volta das 19h Dr. Edson sugeriu que rompesse a bolsa para que as coisas começassem a acontecer, pois poderia se estender muito. Olhei para a Ju, que fez sinal de sim com a cabeça, Adaelson também concordou, então aceitei. Pedi para ver o líquido e graças a Deus estava clarinho, sem nada de mecônio.

A partir daí comecei a sentir dor. Muita dor. Muitas contrações. Uma dor enlouquecedora, não tinha banho que ajudasse, nenhuma posição ajudava. Pedi para ir embora (oi?), a “hora da covardia” também chegou e pedi anestesia (sabia que isso iria acontecer e Adaelson estava avisado para não permitir). Obviamente que não me deram anestesia.
Exercícios e mais exercícios. Milena chegou por volta das 21h e trouxe com ela todo seu amor e renovou minhas forças para continuar. Nesse momento eu tinha duas doulas maravilhosas comigo.

Dr. Edson disse que o bebê já havia passado do plano zero, fiquei muito feliz pois meu filho estava descendo – desde o início sabíamos que o Gui seria um bebê grande, e existia muito medo pois um bebê grande dificulta um pouco o PN.
Minha barriga estava “alta” parecia que ele não estava descendo mesmo com tantos exercícios. E essa ideia ficou na minha cabeça. Eu achei que não ia conseguir. Eu já não acreditava mais em mim, não conseguia acreditar que era capaz.

A partir desse momento entrei na “partolândia” e tenho poucas lembranças pois não ouvia mais nada, a dor era muito grande. Me lembro da Milena renovando minhas forças, pedindo para eu vocalizar, chamar o Guilherme, acreditar em mim.

Chorei, orei, conversei com meu filho, pedi para que ele viesse, que estávamos esperando, doidos para conhecê-lo.
Senti muita vontade de ir ao banheiro e vontade incontrolável de fazer força. Foi aí que avisaram ao Adaelson que era um sinal do bebê estar próximo de nascer.
Ver o bercinho entrando no quarto me deu uma sensação que ia dar certo.

Nova avaliação e dilatação total… Dr. Edson pediu para fazer mais 30 minutos de agachamentos. Milena, Juliana e Adaelson eram meus apoios em cada descida, e num desses agachamentos não consegui levantar, fiz algumas forças e recebi meu filho nos meus braços. Agachada no chão do quarto, com meu esposo do meu lado conhecemos o amor das nossas vidas, às 23:23h do dia 27/06/2017, pesando 4.020kg e com 51 centímetros.

A dor acabou naquele mesmo momento,foi incrível poder cheirá-lo. É um cheiro inesquecível.
Deus é incrível, eu não acreditava que tinha conseguido, foi maravilhoso! Uma sensação que não consigo explicar.

Meus agradecimentos, primeiramente à Deus, com intercessão de Nossa Senhora Aparecida, minha fé e todas as nossas orações foram ouvidas e nossos pedidos atendidos.

Ao meu filho, por me proporcionar tamanha alegria de vivenciar todos esses momentos inesquecíveis!

Ao meu esposo, todo amor por ter acreditado em mim. Desde o início me acompanhou em tudo, nos cursos, em TODAS as consultas e ultrassons, exames e tudo que eu precisava. Eu sempre soube que poderia contar contigo, mas você me surpreendeu. Sem você eu não teria conseguido! TE AMO!

Ao Hospital e Maternidade Santa Rita, por permitir um parto humanizado e respeitoso. Meu agradecimento a todos enfermeiros e ao pessoal do berçário.

Agradeço também a Dra. Vera por recepcionar o Guilherme respeitosamente, sem nenhuma intervenção desnecessária.

Gratidão à equipe – Thaís você foi incrível, um doce, me transmitiu calma e amor. Juliana, sua doçura e todo seu suporte antes, durante e depois foram essenciais. Milena, sei de todo seu esforço para conseguir chegar a tempo, e graças a Deus ocorreu tudo bem, e tenho certeza que sua chegada renovou minhas forças para eu poder conseguir parir. Dr. Edson sem palavras para o ser humano que é, e pelo trabalho que faz! Obrigada minha equipe!

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